quarta-feira, 25 de agosto de 2010

A Última Esquina - Parte III (final)


João ficou de pé e contemplou o homem desmaiado. Subitamente, uma tontura tomou conta do seu corpo, a visão converteu-se em um manto nebuloso e a vida começou a esvair. Confuso, tocou a mão no peito, sentiu um líquido quente e viscoso vertendo; sim,sangue. Olhou para o alto, como se perguntasse alguma coisa, que não tinha força para falar. Andou três passos para trás, as pernas cambaleavam. Escorou-se na parede e deslizou lentamente. Nesse ínterim, a mulher saiu de uma lojinha acompanhada de um senhor. Correram desesperados para perto de João.

- Já chamamos socorro, agüenta aí cara - o senhor clamou.

- Olha moço, não sei como agradecer, mas fica vivo, por favor - a mulher disse com um nó na garganta e olhos marejados.

- E o garoto? - João perguntou em voz quase incompreensível.

- Está bem, minha esposa está cuidando dele - interveio o senhor.

Depois disso, os rostos tornaram-se formas confusas e sem sentido. A morte chegava. O tal João Guilherme queria permanecer, mas já tinha feito sua escolha; derramou uma lágrima ao pensar na família e nos amigos que deixava. O peito comprimiu-se e lançou o último sussurro. Os olhos abertos agora pairavam na imensidão.
A imprensa noticiou o fato, e por uma semana foi o grande assunto, depois caiu no esquecimento. Mas a mãe e o garoto nunca esqueceram.

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