quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Parte final - III


Deitou a cabeça no travesseiro. Adormeceu. Não teve tempo para sonhar, já estava acordado. Fez o que tinha que ser feito e saiu de casa. Caminhava pelas ruas frias, com as mãos enfiadas no bolso e o fel estampado na cara. – É assim que as coisas são: amargas e fúteis – murmurava o sujeitinho. Um vento norte rosnou implacável, as árvores balançaram e as mentiras também. Tom Shed não se protegeu, recebeu o impacto de peito aberto.

Estava numa praça bem conhecida. Shed contemplou: os bancos, as árvores retorcidas, a igrejinha, o chão frio, os animais sem dono e as várias pessoas da paisagem; infelizmente, tudo de vidro. Sentiu-se só, mas ignorou. Acostumara-se.

Tom Shed enxergava por de trás das máscaras; inclusive a sua. Ficou enojado no início, depois, acostumou-se. As férias chegaram ao fim. Voltou para a rotina. O dramático sujeitinho caminhava rumo ao futuro; construiria pontes, e muros também.

* foto de algum lugar remoto da web.

Nenhum comentário:

Postar um comentário


Contador Grátis