quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Dançando com Sombras - Parte II

Segui aquela triste fila. Olhei para a esquerda, e então, nos fitamos;ela era o ser mais belo que já tinha visto, seu olhar e sua boca desenhados por mim,desenhados para mim. Em seguida nossos olhares se perderam; eu entrava num pavilhão, o pavilhão ‘S”.

Cada prisioneiro foi encaminhado para uma cela; um homem,uma mulher,um homem,uma mulher e assim sucessivamente. Ela passava pela minha frente, seríamos vizinhos - ou algo equivalente naquele contexto.

Meu “dormitório” era um cubículo repulsivo, úmido e imundo. Pensei: “Que espelunca!”. Os ratos estavam melhor acomodados - sem dúvida. Minha alma ficaria podre com o tempo, tal como aquele lugar. Um prato de “comida” foi lançado por uma abertura na porta. As luzes apagaram.

Engoli, vomitei. Tateei as paredes, até que encontrei um buraco na parte inferior. Abaixei a cabeça e sussurrei algumas palavras.

- Tem alguém aí?
Três minutos se passaram. Escutei alguém chorar, vinha da direção daquela abertura.

- Tem alguém ai?!

- Oi - respondeu uma voz chorosa.
- Foi você quem olhei lá fora?

- Sim.

- Qual o seu nome?

- Viviane.
- E o seu?
- Samuel.

Não direi: “Ah! Como foi agradável, estar preso e com a cabeça perto do meu vômito; mas houve um toque sublime”. Conversamos algumas horas sobre o desespero e as dúvidas; ela também não sabia o porquê daquilo. Nos despedimos.Adormeci.

Nenhum comentário:

Postar um comentário


Contador Grátis