domingo, 23 de janeiro de 2011

Vingança em Cena - 3º Ato

Como era de costume, a multidão tomava conta da praça – uma massa de amorfos, aparentemente, sem sonhos ou qualquer esperança. Maicon ajeitava a gravata e verifica o horário no seu roléx, enquanto um assessor lhe secava o rosto com um lenço. Os policiais, sob as ordens do vil prefeito, começaram a fazer menção de que sacariam as suas armas; de repente, um grito ecoava. Todos gritavam pelo nome de “Maicon” com uma violência assustadora e começavam a aplaudir – mesmo a aclamação e os gritos furiosos não escondiam os rostos tristonhos e moribundos.

Enquanto isso, o artista mascarado permanecia encoberto pelas sombras do casarão; observando o movimento dos capangas de João. O casarão era de madeira e muito antigo, com a estrutura frágil – um local perfeito para um incendiário. O vingador já havia espalhado um líquido inflamável pelo ambiente – formando um caminho para a liberdade. Agora, perto da porta, aguardava pelo momento de ativar o instrumento da nova era; um simples controle remoto que carregava toda a dor e a esperança daquela comunidade.

Havia planejado tudo com antecedência; estudou os arredores da praça, verificou as instalações do casarão e inseriu neste alguns catalisadores, fogos de artifício e explosivos de fabricação caseira que conseguira com um conhecido – que era responsável por fornecer o material para efeitos especiais ao teatro. Tudo estava pronto.

Maicon se aproximava do palanque; era a hora. Lentamente, o mascarado saía do casarão. João farejou o perigo ao ver aquele homem de vestes cinzentas deixando o local.

- Ei, você! Pare! – dizia João, enquanto tentava sacar a arma.

O vingador ultrapassou a passagem e virou-se, a máscara era triste. João estava a uma distância considerável da porta e ainda tentava tirar a arma do coldre, em meio a passos desajeitados, também tentava se aproximar do alvo; até que tropeçou e caiu estirado de bruços; olhou mais uma vez para aquela figura sombria; viu a porta sendo fechada; ouviu o barulho das chaves, dos passos se afastando e, por fim, da explosão. João e seus capangas estavam no inferno.

A explosão foi gigantesca e o fogo consumiu o casarão. No céu, os fogos de artifício anunciavam o fim da era do medo. Maicon e o restante da sua corja olhavam atônitos para o casarão em chamas e para a figura de máscara feliz que emergia da fumaça. Os fogos de artifício refletiam a esperança nos olhos da multidão, que ganhava vida e contorno.

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