quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Antes que Josef caia


Quando abriu os olhos, Josef percebeu que estava caindo em queda-livre. As nuvens ficavam distantes e o que mais precisava também. O vento escorregava pelo seu corpo, que entorpecia. Tudo parecia claro e certo como o chão que o aguardava. Percebeu que de nada adiantavam todos os conhecimentos que acumulara. Uma vez disseram que ele sabia tudo e gostava de impressionar por isso, mas na verdade não passava de um remédio para insônia; naquele momento, em que a alma e o corpo parecem se separar, Josef reconhecia esse infortúnio.

Esticava seus braços para o alto, tentando, ridiculamente, alcançar o que mais precisava. Esboçava um sorriso e pensava: “Eu não sei nada, porque não sei voar”. Trocaria tudo o que sabia pela oportunidade de voar e alcançar o que mais precisava.

Os anjos e, também, os demônios tocavam a marcha fúnebre; Josef agora já podia até escutar o som de um triste piano. - Desculpe-me, desculpe-me, desculpe-me... – murmurava. Esperava por um milagre, mas não sabia se acreditava em milagres.

(continua...)

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